Templo histórico de Peshawar foi atacado por militantes islâmicos, na ação sectária mais violenta contra a minoria nos últimos anos no país
Um duplo atentado suicida contra uma das igrejas mais antigas do Paquistão matou neste domingo 78 cristãos em Peshawar. A maioria das vítimas é composta de mulheres e crianças. Foi o pior ataque contra a minoria religiosa no país predominantemente muçulmano em décadas, segundo o governo. Os mais de 100 feridos, muitos deles em estado grave, foram levados para um hospital da cidade.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque, mas atentados contra minorias religiosas cristãs, budistas, além de muçulmanos xiitas têm-se tornado comum no país nos últimos meses e afetado os esforços do primeiro-ministro do país, Nawaz Sharif, que chegou ao poder em junho, de controlar a insurgência ligada ao Taleban e à Al-Qaeda.
Sharif condenou o atentado. " Terroristas não têm religião e atingem inocentes, ao contrário do que ensina o Islã e todas as religiões", disse por meio de nota. "Atos cruéis refletem a brutalidade e a desumanidade dos terroristas."
Os homens-bomba atacaram a histórica Igreja de Todos os Santos, na cidade de Peshawar, no momento em que centenas de paroquianos saíam do prédio após a missa de domingo. "Eu ouvi duas explosões. As pessoas começaram a correr. Restos humanos estavam espalhados por toda a igreja", disse uma cristã, que se identificou apenas como Margrette. A religião é professada por quase 5% da população do Paquistão, de 180 milhões de pessoas.
Segundo o comissário de polícia da cidade, Muhammad Ali, dois suicidas atacaram a saída da missa. De acordo com o policial, geralmente os fiéis são orientados a se dispersar para evitar ataques. "Enquanto os cristãos se dividiam em grupos menores, um dos suicidas correu contra a multidão. Um policial tentou impedi-lo, mas ele se explodiu", contou Ali. Em outra saída da igreja, houve outra explosão.
Poucas horas depois do atentado, protestos de minorias cristãs eclodiram em Peshawar e outras cidades, como Karachi, Islamabad e Quetta.
Sobreviventes descreveram uma transição instantânea da calma à carnificina. "Eu estava no corredor do prédio da igreja quando a primeira explosão ocorreu", disse Kamran Sadiq, que ficou ferido com estilhaços da explosão. Segundo ele, cerca de 350 pessoas estavam na missa na hora do atentado.
Outros fiéis criticaram a reação da polícia, que não teria feito a segurança adequada do templo, e do governo, que segundo lideranças cristãs teria se engajado numa política de apaziguamento com o Taleban. Nas últimas semanas, Islamabad ordenou a libertação de militantes do grupo para impulsionar as negociações de paz entre o Taleban e o governo do Afeganistão - o grupo atua nos dois países.
Fonre: JovemX
Veja o vídeo do local da explosão:
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